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Pinóquio

  • Foto do escritor: Aloysio Xavier
    Aloysio Xavier
  • 2 de dez. de 2016
  • 2 min de leitura

Pinóquio, figura lendária, conhecida de todas as crianças, cansado de ficar nas prateleiras, na estante de uma biblioteca empoeirada, guardado entre livros, e como travesso que era, um belo dia, resolveu pular para fora da estante, e dar uma olhadinha, no mundo aqui fora, que ele tanto ouvira falar, de coisas novas, muitas mudanças etc. e tal.

E alegre, correndo, com toda pressa, foi para a marcenaria de seu pai Gepeto.

E qual foi sua surpresa, ao chegar lá, e perceber que a marcenaria não existia mais, e em seu lugar agora eram paredes altas, com portas grandes, onde funcionava uma fábrica de bonecos

Mas não eram bonecos de madeira como ele, mas de um material químico, endurecido, e eram todos incrivelmente iguais. Eram clones, rígidos, sem personalidade, sem vida, e não como ele, um boneco articulado e com tanta personalidade. Que tanto gostava de viver, de falar, de contar histórias, e até contar algumas mentiras.

Eram bonecos totalmente despersonalizados, descaracterizados.

Pinóquio fugiu dali, assustado, foi andando, pelas ruas, pensando, pensando e resolveu parar numa esquina onde estavam algumas pessoas reunidas para jogar conversa fora. E talvez quem sabe, contar algumas mentiras E para sua surpresa, percebeu assustado, que todos mentiam muito, que mentir agora era coisa comum, e o mais incrível, (o nariz delas não crescia nem um milímetro sequer).

Não o cumprimentaram, não o olharam , era como se ele fosse invisível, como se não existisse. Era cruel.

Desanimado, e para seu próprio consolo, foi procurar o Campo Santo, onde seu pai querido GEPETO deveria estar. E perplexo, sabendo que ele se fora, agora não havia nada que o identificasse. Nada que comprovasse sua passagem pela Terra. Nada encontrou! (Nem uma lápide nada, nada). Mas o que ele não sabia, é que Gepeto MORA E MORARÁ PARA SEMPRE NO IMAGINÁRIO DE TODAS AS CRIANÇAS PELA SUA IMORTAL CRIAÇÃO PINOQUIO.

Desiludido, com este mundo novo, tão diferente do que conhecera, foi caminhando ao acaso, sem rumo, e chegou a uma praia.

Vendo algumas crianças logo pensou! É agora! Conto a minha História! Viro herói!

Vou contar que fui engolido por uma baleia, que morei dentro da barriga dela, e fiz muitas amizades com peixinhos que também moravam lá.

Mas as crianças para sua tristeza, não estavam nem aí, não o olharam, não o escutaram, pois estavam ocupadas com pequenos aparelhos, que ao simples toque de um dedo, comunicava-se entre si, e informações do mundo inteiro. Não conheciam baleia, e não tinham nenhum interesse, fora desse mundo visual. Viviam num mundo de foco estreito, de muita informação e pouca reflexão.

Pinóquio pensou... Nossa, o mundo ficou tão pequeno de repente, tão diferente daquele mundo grandão, de tantas águas sem fim, que ele tão bem conhecera na barriga da baleia.

Era um mundo árido, impessoal, sem magia, sem a chance de sonhar e viver os sonhos, que a própria magia concede aos crédulos. Era terrível. Sem risos sinceros, sem ouvidos acolhedores, sem abraços amigos.

Pensou... Não, não valia a pena viver neste mundo. Não mesmo.

E assustado, humilhado, voltou correndo para seu lugar nas prateleiras da biblioteca de onde jamais deveria ter saído, e jurou jamais desobedecer a seu pai Gepeto, que tanto lhe recomendara “CUIDADO”.


 
 
 

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